Momentos de estresse intensos não são inofensivos, pelo contrário, várias quadros depressivos, síndrome do pânico e ansiedade têm como ingrediente comum o estresse.
Além de afetar a saúde mental, o estresse também pode causar problemas físicos; e o coração pode ser um dos afetados.
Estresse e doenças do coração
Uma pesquisa publicada no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism mediu os níveis de cortisol, chamado de hormônio do estresse, ao longo de um período de 24 horas em amostras de urina de 861 pessoas acima de 65 anos de idade.
A avaliação foi feita durante seis anos de estudo.
No período, 183 participantes do estudo morreram. Os altos níveis de cortisol foram observados nos óbitos decorrentes de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral (AVC).
Perturbando o organismo
Quando divididos em três grupos com base nos níveis do hormônio do estresse, o grupo dos participantes com os maiores níveis de cortisol apresentou um risco cinco vezes maior de morrer por doenças cardiovasculares, concluiu a pesquisa.
A alta liberação de hormônios em situações estressantes perturbam o organismo, provocando reações que englobam desde o aumento da pressão arterial a um fulminante ataque cardíaco.
Sintomas de estresse: você pode não notar, mas ele muda seu corpo
Seja por excesso de responsabilidade, preocupações ou situações de perda, o estresse potencializa a ação do sistema endócrino e gera mudanças físicas no organismo, levando ao descontrole emocional e até mesmo criando doenças.
Uma alternativa para perceber a hora de reduzir o ritmo é observar os sinais e sintomas do estresse no corpo.
O que é estresse e por que o sentimos?
De acordo com a psiquiatra Elizabeth Zamerul Ally, que também é psicoterapeuta e especialista em dependência química e co dependência, o organismo reage a momentos de tensão ou ameaça com a ativação do estado de alerta, que promove diversas reações bioquímicas com o intuito de salvar a pessoa do possível perigo.
Dentre elas, estão a produção e liberação quase imediatas de neurosubstâncias criadas pela glândula suprarrenal, as chamadas catecolaminas, como adrenalina, noradrenalina e cortisol.
As duas primeiras dilatam os vasos sanguíneos de órgãos vitais do corpo, a fim de preservá-los perante a situação de risco, e diminuem a circulação dos locais menos importantes.
Já o segundo aumenta a glicemia e transforma gordura em energia disponível.
O problema é que em longo prazo a liberação de hormônios aumenta o risco cardíaco, reduz a produção de insulina e ainda afeta o sistema imunológico, deixando o organismo frágil perante micro-organismos maléficos.
Consequências
Em longo prazo, o estresse pode causar doenças psiquiátricas, como síndrome do pânico e transtorno de ansiedade, insuficiência das glândulas suprarrenais, problemas de tireoide, desregulação do ciclo menstrual e até diabetes.
“Ainda não há um consenso do porquê uma pessoa evolui do estresse para doença, mas as alterações hormonais que ele acarreta provocam repercussões orgânicas e mentais importantes”.
Elizabeth Zamerul Ally (psiquiatra)
Sintomas de estresse
A psiquiatra conta que os sintomas de estresse no corpo variam de acordo com o organismo e a personalidade de cada pessoa.
De modo não específico, podem surgir:
- Tensão excessiva e constante
- Dor muscular
- Agitação
- Impaciência
- Tremor
- Fraqueza
- Fadiga que surge mesmo após atividades simples
- Enjoo
- Irritação
- Palpitação
- Suor frio
- Diarreia
- Dificuldade em dormir
- Falta de ar
- Tontura e vertigem
- Memória fraca
- Boca seca
- Calafrios
- Formigamento
- Queda de cabelo (Alopecia areata)
Apesar disso, a presença de sintomas por si só não caracteriza estresse.
“Cada sinal precisa ser analisado em conjunto com outras manifestações concomitantes, além de todo o contexto da pessoa, histórico de sintomas e circunstâncias”, lembra a especialista.
Sintomas de estresse na pele
O estresse ainda pode causar ou agravar doenças de pele, em um fenômeno chamado de psicodermatose, como dermatite de contato alérgica, caspa, psoríase, vitiligo e suor excessivo.
A piora de quadros herpes também surge em decorrência da diminuição da imunidade.
Como aliviar?
Assim como grande parte das doenças, a tríade alimentação saudável, prática de exercícios físicos e mudança de hábitos pode auxiliar.
A última ação refere-se a dormir adequadamente, abandonar vícios e tentar manter um equilíbrio entre trabalho, família e lazer.
A prática de meditação e atividades relaxantes, como Yoga, também ajuda.
Caso o indivíduo não consiga aliviar a sensação sozinho, é indicado a realização da psicoterapia, que o auxiliará a viver o presente, deixar de perseguir o impossível e ter pensamentos positivos.
O uso de medicamentos só é indicado caso o psiquiatra entenda que o bem-estar do indivíduo é afetado pela reação. Neste caso, são receitados principalmente tranquilizantes. via: vix